Súmula Histórica

A freguesia de Podentes, pertencente ao concelho de Penela e ao distrito de Coimbra, tem uma história bem mais antiga, rica e abrangente do que a sua área aproximada de 17,3Km2 faria adivinhar. Aliás, Podentes tem uma existência quase milenar.
Os registos mais antigos referem a existência, em 1147, da herdade de Podentes e Bruscos, no território. E crê-se que o nome, derivado de “potentes”, remate para os “Cavaleiros de Podentes”, grupo de templários surgidos em 1232 ou 1233 (não há certeza histórica), que tiveram casas/mansão na localidade.

Por essa altura, já Podentes era concelho (desde, pelo menos, 1222), e tinha em Paio Mendes a sua figura ilustre, Senhor Juiz de Podentes. A localidade manteve a independência administrativa de forma intermitente, pelos seis séculos seguintes, até ser incorporada definitivamente no concelho de Penela, em 1836. Mas desses anos sobreviveram outros registos que provam a importância de Podentes e das suas gentes, até na evolução da história de Portugal.

Ainda no século XIII, o mosteiro de Santa Cruz de Coimbra lá possuía casa e vinha (1220) e desde 1274 já existia Igreja Matriz na localidade. Nos finais do século XIV, era Senhor de Podentes Egas Coelho – que ajudou a derrotar os castelhanos na Batalha de Trancoso, mas depois passou a apoiar o inimigo, perdendo o ‘mando’ da localidade para Diogo Lopes de Sousa, o filho mais velho do Mestre da Ordem de Cristo, Lopo Dias de Sousa. Esta família deu origem aos Marqueses de Arronches e aos Duques de Lafões, que mandaram na povoação nos séculos seguintes.
Os arquivos históricos mostram que Podentes perdeu o título de concelho em meados do século XIV – era parte do termo de Coimbra –, mas a 17 de Fevereiro de 1514 foi concedido um novo foral, por el-Rei D. Manuel I. Dessa época, do início do século XVI, sobreviveram outras anotações históricas que permitem perceber a dimensão da localidade. Então, Podentes tinha juízes ordinários, vereadores e outros homens com cargos de grande prestígio. No “Cadastro da População do Reino”, de 1527, é referido que a vila pertencia a Manuel de Sousa e tinha vinte e oito fogos (nos arredores existiam apenas seis (Azenha de Traveira, 1; Casal da Gateira, 1; Vendas de Podentes, 2; Moinhos, 2).
De 1758, resta a informação de que a vila tinha Casa da Misericórdia. E do século XIX, a mais viva recordação é a de Jerónimo Dias de Azevedo Vasques de almeida e Vasconcelos, 1.º Conde e 1.º Visconde de Podentes, figura ilustre da guerra civil entre liberais e absolutistas, que nascera na povoação a 7 de Dezembro de 1805. Os ‘seus’ liberais venceram a contenda, mas nem o Conde impediu que Podentes perdesse o título de concelho a partir de 1836.

Desses tempos, resiste o Pelourinho, hoje considerado Monumento Nacional, e um dos ícones do património cultural e arquitectónico da freguesia, junto com a Igreja Matriz.